domingo, 31 de janeiro de 2010

Sou gente...

Eu  tenho um pesar comigo

Bem fundo, dentro do peito

Porque vejo com tristeza

Que ninguém me tem respeito.



Eu bem sei que sou criança

Mas gente, já sou também

Penso cá no meu restando

Ou sou gente ou sou ninguém



E ás vezes a professora

Quando esta impertinente

Diz-me assim:

-Oh , rapariga tu pensas que já és gente?!



Se outras vezes em conversa

Quero meter o guedelho

Grita logo minha mãe

Cale-se lá seu fedelho



Manda-me fechar o bico

Que vá tratar de outro ofício

E a mana diz assim

Já quer dar leis o respicio!



E o meu pai que me conhece

E não vai na cantiga

Mas também não poupa a dizer

Já tem catarro a formiga!



E a criada lá de casa

Que grande raiva me mete

Não me quer chamar senhora

Só me chama seu pivete!



Tudo isto me arrelia

Estou num nervoso constante

Então para ser gente

É preciso ser gigante?



Sou pequena!

Isso que tem?

Um dia serei maior!

Pequena sim, mas gente!

Sou gente, sim senhor!



Sou gente

Não sou respicio, nem pivete, nem pirralha

Sou gente, vós bem vedes

Já vos mostrei quanto valho!!



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